Desbravando fronteiras, capixaba treina goleiros na Suécia

O atleta se destaca e é convidado, por outros clubes, a fazer testes

 

O capixaba trabalha no Örebro Nordic, que fica na cidade de Örebro, 220 km da capital, Estocolmo. Foto: Charlim Lehrback.

 

Desbravar fronteiras são palavras de ordem, atualmente, do capixaba, de 36 anos, Charlim Lehrback, que arrumou as malas e desembarcou em um dos maiores países nórdicos, a Suécia, com missão definida: preparar goleiro.

 

O país respira futebol. “Todos os dias, onde você passa tem pessoas praticando, desde a base, formada por atletas separados por idade, até o profissional”, destacou.

 

O clube está na quinta divisão. É o Örebro Nordic, que fica na cidade de Örebro, 220 km da capital, Estocolmo.

 

“É projeto que tem como objetivo o intercâmbio de atletas. Ele vem para a Suécia, treina no clube e, durante esses treinos e jogos amistosos, é observado por técnicos e dirigentes de outros clubes”, disse.

 

O atleta se destaca e é convidado, por outros clubes, a fazer testes. “Se dando bem é contratado e a vida dele segue”, comentou.

 

A comissão técnica no Örebro é brasileira. E a adaptação ficou mais fácil. “Treinamos todos os dias de manhã ou à noite. Temos academia, campos de grama natural e sintético. O que diferencia os trabalhos do Brasil com a Suécia é que os treinos são, na maioria das vezes, em grama sintética e a bola corre mais”, acrescentou.

 

Os jogos, habitualmente, são marcados por muito contato físico.

 

O clube está motivado.  “O objetivo é subir de divisão a cada ano até chegar, pelo menos, na primeira divisão. Na Suécia, a primeira divisão é como se fosse a série C do Brasileirão”, explicou.

 

É que no país, tem a Superetta e a Alvenska que são, respectivamente, as séries A e B.

“A cidade é bonita. Muito verde envolto em construções que lembram os tempos medievais. Mas, tudo bem detalhado e misturado com a modernidade. De dia, tempo agradável, em volta dos 19 e 20 graus, e à noite a temperatura cai e chega à nove graus. Tem 155 mil habitantes aproximadamente”, descreveu.

 

Charlim é formado em Educação Física, pela Faculdade Católica Salesiana. Nasceu em Vila Velha, mas, curiosamente, nunca morou lá.

 

Teve sempre grande apoio da mãe, Vera Lúcia, incentivadora e admiradora da sua profissão.

 

“Minha maior alegria no esporte foi a amizade que consegui construir com meus amigos da bola. Infelizmente, no futebol, ou em qualquer outro esporte, tem “traíras “, mas esses passam longe. Levo comigo as boas amizades”, disse.

 

Ele começou a carreira de treinador de goleiros na Escolinha do Santa Cruz, do Cosme Eduardo, em Vitória, que hoje é o CTCE.

 

“No Santa Cruz fomos campeões da Copa A Gazetinha, Copa Popular, campeões da Copa A Gazetinha Nacional, em cima do Vasco da Gama. O futebol é esporte muito bonito, aprendizado para a vida”, avaliou.

 

Seu primeiro clube profissional foi o Castelo em 2011. “Fui convidado pelo Marquinhos Salles, que jogou no Serra e foi campeão capixaba dez vezes, por vários clubes diferentes. No Castelo iniciamos trabalho com alguns garotos da cidade, que foi ganhando corpo ao passar do tempo’, recordou.

 

Em 2012, Charlim foi para o Rio Branco trabalhar na base. “Fui treinar os goleiros, do sub 15 ao sub 20. No sub 15 e sub 17 ficamos pelo caminho no campeonato estadual. Mas, no sub 20 fomos campeões em cima do Conilon, de Jaguaré. Conquista que até hoje é lembrada pelos atletas”, comentou.

 

“Nesse mesmo ano fomos convidados a jogar a Taça BH. A nossa sede foi em Divinópolis, com equipes tradicionais do futebol brasileiro como São Paulo, Atlético Mineiro, Vila Nova, de Minas; Guarani, de Campinas. Nos jogos contra os “grandes” saímos com vitórias: 3 a 0 no São Paulo e 3 a 1 no Atlético (MG).

 

Foram jogos equilibrados, mas não classificamos por causa de um gol. Experiência incrível para todos nós”, lembrou.

 

Em 2013, teve passagem também pelo Serra. Voltou ao Castelo em 2014 e em 2015 foi para o Doze FC trabalhar com os ídolos vascaínos, Sorato e Carlos Germano. Na ocasião foi vice campeão capixaba da Série B.

 

Um dos seus trabalhos mais interessantes foi no Vitória. “Cheguei por meio do Erasmo Serafim, para ficar no lugar dele, pois, tinha que ir a São Paulo visando a fazer um curso. Comandei os treinos no profissional”, recordou.

 

“Quando voltou, fui convidado a fazer parte do clube. Naquele ano, 2018 fomos campeões da Copa ES e em 2019 vencedores do Estadual. Estive no Vitória até esse ano (2021) no Estadual. Hoje tenho amigos de verdade no futebol: Wesley Martinelli. Os fisioterapeutas Thiago Assayag e Waguinho. A doutora Raphaela Almeida. O Rodrigo César. E meu amigo/irmão, que conheço há muitos anos, com quem aprendi muito, Erasmo. É pessoa ímpar no futebol, bastante humilde”, finalizou.

 

Após o projeto na Suécia, que teve grande ajuda do amigo Kill, Charlim deve retornar ao futebol brasileiro.

 

“Meus planos ainda não sei, mas converso com alguns clubes. Nada definido ainda. Tenho projetos de vida e de carreira que estão, aos poucos, amadurecendo”, afirmou.

Fonte/Créditos: Jornalista Peter Falcão