CRUZEIRO ENTREGA AO MINISTÉRIO PÚBLICO RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO FINALIZADO PELA KROLL CONSULTORIA

Gustavo Gatti e Saulo Fróes entregaram o documento (Foto: Divulgação/Cruzeiro)

Segunda-feira de grande importância na história quase centenária do Cruzeiro. Nesta tarde, o Clube entrega ao Ministério Público de Minas Gerais o relatório elaborado pela Kroll, consultoria contratada para realizar uma minuciosa análise de dados e processos da Raposa, a fim de auxiliar as autoridades nas investigações que estão em curso desde o ano passado.

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O resultado da auditoria, que reúne centenas de páginas, será levado ao Ministério Público por integrantes do Núcleo Dirigente Transitório, que administra o Cruzeiro desde o mês de dezembro, e responsável por contratar a Kroll no início do mês de março. Desde então, especialistas da empresa se debruçaram em documentos para auditar e descobrir possíveis irregularidades cometidas no passado.

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Por conter informações sigilosas e cruciais para as investigações que acontecem no MPMG, o Cruzeiro não poderá divulgar o conteúdo completo neste primeiro momento. Entretanto, o Clube e a Kroll trazem ao torcedor um resumo do que foi levantado no processo, que pode ser conferido no fim desta publicação.

“Esperamos que, com este documento, o processo possa ter ainda mais elementos para chegar ao final e punir aqueles que prejudicaram o Cruzeiro. O relatório está sendo entregue para que possam ser tomadas as providências necessárias”, comentou Saulo Fróes, do Núcleo Dirigente Transitório.

Superintendente Jurídico do Cruzeiro, Kris Brettas explicou alguns pontos levantados no documento e espera que tal feito possa contribuir para que a próxima diretoria, a ser eleita na próxima quinta-feira, continue com o processo de reconstrução da Raposa.

“O relatório é muito amplo e envolve diversos aspectos dentro do Clube. O que a gente pode dizer é que muita coisa poderá não ser considerada como um crime, mas que pode ser trabalhada pelo futuro presidente. O relatório servirá para que o próximo presidente busque um ressarcimento daquilo que é considerado como má gestão do Clube. Infelizmente não podemos divulgar os dados pois envolve sigilo de informações, o que poderia prejudicar as investigações e o reembolso. O que desejamos neste momento é o ressarcimento de tudo o que foi indevidamente retirado”, considerou.

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Foram listados 12 pontos principais do processo de apuração. Leia abaixo, na íntegra:

– O Cruzeiro assinou contratos de intermediação de atletas sem que a participação desses intermediários nas negociações fosse cadastrada na CBF, o que é vedado pelo Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol. Esses contratos originaram 13 comissões, que somam R$ 13.270.715,00.

– O Cruzeiro ofereceu direitos econômicos de jogadores em garantia de pagamento de dívida em, ao menos, dois contratos, o que é proibido pelo Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol da CBF e pelo documento equivalente da FIFA. Entre os jogadores relacionados em um dos contratos estava um atleta amador, a época com 9 anos de idade. O Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol proíbe qualquer transação envolvendo direitos econômicos de menores até que o atleta complete 16 anos.

– Apesar de a Lei Pelé e o Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol da CBF vedar a remuneração do atletas menores amadores, familiares de, ao menos, dois jogadores de base do Cruzeiro recebiam pagamentos mensais por meio de empresas de consultoria abertas próximas a data de assinatura dos contratos com os atletas.

– Um intermediador recebeu comissão de R$ 500 mil pela negociação do um atleta menor amador com o Cruzeiro, o que é vedado pelo Regulamento Nacional de Intermediários da CBF.

– Um terceiro contrato foi identificado em que o Cruzeiro forneceu a um intermediador 10% dos direitos econômicos futuros de um menor amador, caso este viesse a se tornar profissional e posteriormente ser transferido do clube.

– O Cruzeiro pagou R$ 7.072.000 em comissões a intermediários de jogadores que já atuavam no Cruzeiro, por terem negociado aumento salarial para estes atletas. Além disso, o contrato de um intermediador previa recebimento de bonificação todas as vezes em que o atleta que ele representava atingisse metas de performance. Essas comissões, apesar de não serem regulares, podem ser consideradas inusuais e prejudiciais ao Cruzeiro.

– As despesas do Cruzeiro aumentaram em 50% no período entre 2018 e 2019 com relação ao biênio anterior, passando de R$ 770.097.107 para R$ 1.180.676.437 Os salários, que compõem 20% das despesas do clube, também tiveram um aumento do 50%, saltando de R$ R$ 156.581.352 para R$ 234.380.814.

– Entre as despesas analisadas, despesas pessoais e não condizentes com as atividades performadas pelo Cruzeiro, no valor de R$ 80.777,18, foram pagas com cartões de crédito corporativos emitidos em nome de quatro dirigentes, durante o período em análise. Os estabelecimentos incluíram lojas de eletrônicos, lojas de roupas, clínicas de saúde, bebidas alcoólicas, resorts de luxo e casas noturnas de entretenimento adulto.

– Foram realizados, durante o período em análise, pagamentos de notas de débito de dirigentes no valor de R$ 1.548.608, sem qualquer descrição da natureza desses gastos nos registros contábeis. A Kroll requisitou ao Cruzeiro comprovantes que justificassem suas despesas, mas não os recebeu até a conclusão dos trabalhos de investigação.

– O Cruzeiro pagou um total de R$ 8.521.311,80 a empresas vinculadas a dirigentes e/ou seus familiares durante o período em análise. As empresas favorecidas eram, em sua maioria prestadoras de serviços de consultoria e tinham contratos com o clube que abarcavam os serviços performados pelos dirigentes em seus cargos. Entre os pagamentos identificados, há empresas em nome do esposas de dirigentes, comissões e pagamentos de rescisão não previstos em contrato, bonificação de dirigentes por desempenho do time e recebimentos em duplicidade por parte de dirigentes.

– O Cruzeiro pagou R$ 6.068.078,33 a empresas vinculadas a 52 conselheiros, apesar de o Estatuto Social do clube vedar esse tipo de relação. A Kroll analisou em detalhe pagamentos a 12 conselheiros, que receberam acima de R$ 100 mil e perfazem 83% de todo o valor pago a esta categoria. Os pagamentos analisados referem-se contratos de mútuos, serviços de consultoria, advocacia e compras em estabelecimentos. A Kroll ressalta que parte destes pagamentos pode estar relacionada a atividades comerciais regulares, mas não recebeu os dados suporte para confirmar essa hipótese.

– Foram pagos R$ 2.139.653,74 a empresas de consultoria jurídica, tributária e de engenharia com descritivo genérico de atividades e sem comprovação de serviços prestados. Além disso, foram pagos R$ 591.250 em comissão por negociação de contratos com patrocinadores do Cruzeiro.

Fonte:cruzeiroec